Você já deve ter ouvido por aí que a depressão foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “o mal do século XXI”, não é?
A depressão é um dos transtornos mentais mais comuns e incapacitantes, embora as pessoas ainda julguem e achem difícil entender. Mas isso talvez não seja suficiente para expressar quanta dor e sofrimento uma pessoa em um episódio depressivo pode vivenciar!
E por isso é tão importante olharmos com muito carinho para esse tema que aflige tantas pessoas, né?
Nesse texto, vou te ajudar a entender um pouquinho melhor sobre esse transtorno que ainda é tão incompreendido, deixando de lado os mitos e preconceitos que existem sobre o tema.
O que é depressão?
Sabemos que muitas pessoas vivenciando a depressão são julgadas como “preguiçosas ou dramáticas”, como se fosse apenas “falta de força de vontade”. Eu sinto muito se você ou alguém que você conhece já teve que lidar com esses julgamentos, ninguém deveria passar por isso.
A depressão, na verdade, é um transtorno mental, que causa em especial alterações no humor. Sei que o termo pode gerar um impacto, mas sem estigmas por aqui! Entender que depressão é um transtorno também é importante para quebrar aquela ideia de que é preguiça ou falta de força de vontade.
E por isso estou aqui te falando sobre ele! As duas principais coisas que podemos perceber em uma pessoa deprimida é um humor deprimido e a falta de interesse ou prazer em muitas atividades quase todos os dias.
Imagine que Lívia* é uma estudante que vivia sua vida normalmente, como todos nós. Alguns dias melhores, outros mais difíceis. Alguns dias conseguia fazer suas atividades, em outros batia preguiça.
Às vezes acontecia algo que a deixava muito triste, mas depois de um tempo passava. Ela não sentia-se triste o tempo todo. Normal, né? Acontece com todo mundo.
Não parece depressão, mas…
… depois de um tempo, Lívia começou a se sentir mais “para baixo” e triste quase todos os dias, sentia um “vazio” e sentia-se incapaz de fazer as coisas que sempre fez e sequer tinha vontade. Percebeu que muitas coisas “perderam o sentido”. Antes amava ir às aulas de dança, mas agora não gostava mais, não sentia prazer naquilo.
E aí sentia-se muito culpada por não estar mais conseguindo fazer as coisas que antes conseguia. Quando conseguia ir às aulas de dança, sentia-se extremamente cansada, não apenas fisicamente.
Quando pensava no futuro, não conseguia sentir esperança de que fosse bom, pois começou a acreditar fortemente que é incapaz de muitas coisas, com muitos pensamentos autocríticos e pessimistas. Lívia começou a perder peso e sentia mais sono e cansaço que antes.
Esse é só um exemplo, pois a depressão pode ser diferente em cada pessoa. Deu para perceber que depressão não é só estar muito triste? Vamos entender a diferença.

Como sei se estou depressivo ou apenas muito triste? Qual a diferença entre tristeza e depressão?
Como vimos acima, existe uma diferença entre tristeza e depressão. A tristeza é uma emoção natural e comum a todas as pessoas do mundo. Todos nós nos sentimos tristes diante de algumas situações, mas depois de um tempo aquela emoção parece diminuir de intensidade.
Já que tristeza é uma emoção, ela tem grande importância quando está em um nível saudável. Quando ficamos tristes, podemos mostrar que estamos precisando de cuidado, carinho e atenção.
Além disso, também ficamos mais reflexivos, já percebeu? Assim, a tristeza também é importante para nos conectarmos com nós mesmos, com nossos valores, entender por que estamos nos sentido assim e, então, podermos tomar caminhos que façam sentido para nós. Ela não precisa ser amenizada, mas sentida e validada.
Já a depressão é um transtorno que precisa de cuidados. Na depressão, o que a pessoa sente dura quase o dia todo por, no mínimo, 2 semanas, mas sabemos que pode durar muito mais, até meses.
Ela afeta de forma profunda a vida de uma pessoa, em níveis psicológicos, sociais (a vontade de interagir com outras pessoas pode diminuir), econômicos e laborais (trabalhar e estudar pode ser muito mais difícil), biológicos (a saúde física pode ser muito afetada também). Os sintomas têm uma intensidade maior, são mais frequentes e duram muito mais tempo que uma emoção.
Quais os sintomas da depressão?
Como a depressão é um transtorno, existem alguns sintomas típicos que a gente pode ficar de olho e que nos ajudam a identificá-la.
Tristeza profunda
Como a gente viu logo ali em cima, quando a tristeza é muito profunda, dura quase o dia todo durante muitos dias (mais de duas semanas), pode ser sinal de um humor depressivo.
Por vezes, o que uma pessoa pode sentir na depressão não é uma tristeza profunda, mas sim uma sensação de “vazio” ou apatia. Uma sensação de “não-sentir”.
Perda de interesse
Na história da Lívia* deu para perceber que um dos sintomas da depressão é a perda de interesse ou prazer nas coisas que antes eram interessantes e prazerosas.
Isso vai desde coisas do dia-a-dia, como tomar aquele banho depois de um dia cansativo, ou coisas que eram hobbies, como sair para encontrar os amigos. Uma pessoa com humor deprimido vai deixando de viver coisas que antes eram legais, pois já não sente nem vontade nem prazer naquilo.
Mudanças no sono
Um dos sintomas mais comuns na depressão são mudanças no sono. Isso pode significar passar a ter insônias e muita dificuldade para dormir, mesmo sentindo-se cansado; ou passar a dormir muito mais do que é comum e sentir muito sono.
Mudança de apetite
Assim como acontece com o sono, o apetite também pode sofrer alterações. Uma pessoa deprimida pode passar a comer muito mais e ter um aumento de peso significativo; pode perder a fome e perder muito peso por isso; ou pode ter períodos de oscilações entre os dois estados.
Baixa autoestima
Em um outro texto aqui do blog, explicamos melhor o que é autoestima. Mas, no geral, ela tem a ver com o que pensamos sobre nós mesmos (não só sobre beleza, mas sobre nossas capacidades também).
Um dos sintomas importantes da depressão é que a pessoa desenvolve uma visão bastante negativa sobre si mesma, sobre os outros e o mundo e sobre o futuro. Ela se acha incapaz em muitas coisas ou só um péssimo ser humano, que não merece coisas boas.
É como se tivesse uma voz interna muito autocrítica, que tem tudo a ver com a baixa autoestima. Além disso, a pessoa pode acreditar que o mundo não é um lugar bom para se viver e que o futuro também não será bom.
Perda de libido
A perda de interesse ou prazer no sexo também é bastante comum na depressão.
Imagine que você esteja sentindo-se muito triste, que não sinta mais prazer nas coisas do dia-a-dia e nas coisas que antes amava fazer, que esteja sentindo-se muito cansado, além de se sentir um péssimo ser humano, por completo.
Se a anedonia é a perda da capacidade de sentir prazer na maior parte das atividades, faz sentido que não haja espaço para sua libido, né?
Ideação suicida ou pensamentos de morte
Uma pessoa depressiva também pode ter muitos pensamentos de morte, o desejo de deixar de existir, sumir ou morrer. Essa pode ser a experiência mais profundamente dolorosa.
Se você se sente assim, busque ajuda psicológica agora mesmo, ou ligue para o CVV (188). Você merece ser ouvido e receber cuidados e atenção.

Quais são as causas da depressão?
Você pode estar se perguntando o que, então, causa depressão. Assim como quase tudo na saúde mental, não existe só uma causa para os transtornos. Eles podem se desenvolver diante de uma soma de fatores diferentes!
Fator genético pode causar depressão
A depressão pode ter causas genéticas e fisiológicas, o que não significa que “se minha mãe tem depressão, eu também vou ter”. Só significa que as chances de desenvolver o transtorno são maiores, como se houvesse um “botãozinho” mais fácil de ser acionado diante da somatória da presença de outros fatores.
Situações externas
Sabemos que a depressão pode ser desenvolvida diante de alguma situação muito difícil vivida. Não que a situação em si seja a causa, mas pode ser o “estalo” que faltava diante da somatória de outros fatores.
Essas situações podem ser a mudança de cidade, o início da faculdade, a perda do emprego, o luto por um ente ou pet querido, a vivência de um relacionamento abusivo…
Distúrbio do sono tem a ver com depressão?
Ter um sono muito desregulado, insônia e dificuldade para dormir pode estar ligado a um risco maior de desenvolver depressão também. Imagine que você precisa trabalhar às 7h, mas só tem conseguido dormir quase 4h da manhã todos os dias.
Seu trabalho vai ficar mais difícil e chato, seu humor vai ficar mais irritadiço; vai deixar de sair com os amigos para poder descansar e aí é uma bola de neve. Uma coisa leva à outra.
Abuso de substâncias
Uso e abuso de substâncias como álcool e drogas também aumentam os riscos de desenvolver depressão. Por mais que possam trazer alívio e prazer imediato, sabemos que a longo prazo podem trazer prejuízos bem importantes.
Traumas não resolvidos
Quando passamos por coisas muito difíceis na nossa infância ou na nossa vida, como falta de cuidados parentais, abusos físicos ou psicológicos, ou qualquer tipo de experiência muito negativa, temos maiores chances de desenvolver um transtorno depressivo.
É importante que possamos olhar para o trauma com carinho, e não “varrer para debaixo do tapete”, como se o que não fosse visto não doesse.
Se eu me identifico com os sintomas, quais são os tratamentos para depressão?
Agora que a gente já sabe que a depressão tem diversas causas e tem impacto em muitas áreas da vida, faz sentido que o tratamento também tenha diversos focos, né?
A depressão é muito pesquisada, então, nesse sentido, pode ficar tranquilo pois há formas de tratar a depressão que são muito eficazes <3
Hoje em dia, o melhor tratamento para depressão é a combinação de terapia cognitivo-comportamental e remédios antidepressivos, que são considerados “padrão-ouro”, com comprovação científica de que podem ajudar a reduzir os sintomas!
Terapia
Não preciso nem dizer que terapia é essencial, né? A Terapia Cognitivo-Comportamental foi criada justamente para tratar a depressão e envolve mudanças cognitivas (nossos pensamentos e crenças negativas) e comportamentais (por vezes, precisamos primeiro engajar na atividade para, depois, poder voltar a sentir prazer nela – isso se chama Ativação Comportamental.
Medicação
Psicólogo e psiquiatra formam uma equipe para tratar a depressão. Juntos, eles poderão avaliar a importância do uso de medicações antidepressivas, que em alguns casos pode ser indispensável.
Exercícios físicos
Os exercícios físicos são mesmo indispensáveis. Se você não gosta ou está sem vontade, são como um remedinho com um gosto ruim, que não pode passar por negociações.
No começo pode parecer horrível, mas com o tempo você se acostuma e pode até passar a amar (juro!). Eles trazem um montão de hormônios positivos e fazem um bem enorme para nosso cérebro e nosso corpo, ajudando mesmo na redução dos sintomas depressivos.
Regulação do sono e da alimentação
Parte da terapia também envolve te ajudar a dormir e se alimentar melhor. Corpo e mente andam juntos, sem comer e dormir bem fica muito difícil se sentir melhor.
É dormindo que restauramos um monte de funções importantes para nosso cérebro, o que influencia de forma direta em um humor mais positivo. Alimentos mais saudáveis também estão super ligados ao nosso bem-estar.
Sabia que alguns alimentos são ricos em uma coisinha chamada “triptofano”, que ajuda na síntese de serotonina (aquele neurotransmissor famoso por ser “o hormônio da felicidade”)? Está tudo ligado para uma vida mais saudável.
Meditação e yoga
Por fim, práticas como meditação e yoga também trazem muitos benefícios e são associadas a diminuição de sintomas depressivos. Elas melhoram nossa qualidade de vida no geral, nos ajudam a focar no presente, estimulam nossas funções cognitivas, diminuem muito o estresse, insônia e ansiedade.

Então, resumindo: se você se identificou com os sintomas ou conhece alguém que pode estar se sentindo assim, um caminho que pode fazer sentido é buscar um médico psiquiatra e um psicólogo que trabalhe com a Terapia Cognitivo-Comportamental.
Na QuePaz, por exemplo, temos psicólogas de diferentes abordagens e com diferentes especialidades. Por isso, você pode procurar o seu Therapy Match e encontrar a profissional perfeita para você! Clique aqui e descubra mais sobre o Therapy Match da QuePaz.
Você não precisa passar por nada disso sozinho (a). Se permita esse cuidado <3
* O nome utilizado é fictício, criado unicamente para a história, a fim de ajudar na compreensão do transtorno.