A comida é, sem discussões, parte fundamental da nossa sobrevivência. Precisamos nos alimentar para ficarmos vivos e saudáveis. A alimentação vai muito além da mera sobrevivência, ela se vincula a memórias afetivas! Como, por exemplo, o cheirinho do bolo da casa da vó… Ela tem o poder de aproximar amigos, ser fonte de prazer e ser uma forma de comemoração. Mas, nem sempre a comida está relacionada com momentos de alegria, celebração e memórias positivas. Ela pode envolver muito sofrimento físico e emocional. Por isso, precisamos falar de quando a comida está sendo causadora de adoecimento, como ocorre nos casos de compulsão alimentar.
Hoje, vamos explicar melhor o que é o transtorno de compulsão alimentar. Vamos ver como ele pode ser o sintoma de outros transtornos, o que o provoca e como pode ser tratado. Tudo isso para você ficar por dentro e ter mais clareza sobre o tema. Vamos juntos?

Por que falar sobre compulsão alimentar?
Atualmente, muitas pessoas sofrem com obesidade e com transtornos alimentares, sem um tratamento adequado e efetivo. Isso acontece por ausência de informações adequadas, medo, falta de apoio e preconceitos.
E quando ligar #RED.ALERT? Quando a comida é usada de maneira intensa e frequente como uma estratégia para lidar com emoções desagradáveis (tristeza, ansiedade ou tédio) precisamos ter atenção! Ou, também, quando o comportamento alimentar da pessoa está ligado a grande sofrimento e mal estar. Ou seja, quando traz uma sensação de falta de controle e até de aprisionamento. 😓
Nas redes sociais, vemos pessoas falando sobre compulsão alimentar. Você já deve ter visto algo sobre isso, não é mesmo? Precisamos ter bastante cuidado quando usamos esse termo, porque tem bastante confusão sobre o que de fato é. A minimização desse sintoma só aumenta o sofrimento de quem sofre, pois não é apenas uma questão de “força, foco e fé”.
O que provoca a compulsão alimentar?
Sabemos que ela pode ser provocada por uma combinação de fatores: físicos, emocionais e ambientais, o que é chamado de uma origem multifatorial. Alguns dos principais “gatilhos” são:
- Fatores emocionais: estresse, ansiedade, depressão e outras emoções negativas podem levar à compulsão alimentar. Isso porque a comida pode ser usada como uma forma de encontrar aquele conforto emocional. Como se aquele momento fosse uma estratégia para regular emoções difíceis.
- Restrição alimentar: dietas muito restritivas podem levar a desejos intensos por certos alimentos (principalmente os “proibidos”)! Assim, levando a episódios de perda de controle e comer em excesso. Sabe aquela frase: restrição gera compulsão?
- Pensamentos negativos sobre comida, corpo e autoimagem.
- Sentimentos de culpa, vergonha e baixa autoestima.
- Padrões de dietas restritivas ou restrições seguidas por excessos podem criar um ciclo vicioso, ou seja, uma repetição de uma relação “não muito saudável” relação com a comida.
- O nosso ao redor. Em outras palavras, ter sempre disponível alimentos altamente palatáveis (alimentos com um “super sabor”! geralmente com muito açúcar ou muita gordura) pode desencadear a compulsão alimentar. Ou, também, pressões sociais, eventos centrados na comida e influência de modelos de aparência, comparações sociais.
- Nossa saúde mental e física. Isso porque desequilíbrios químicos no cérebro, como baixos níveis de serotonina e predisposição genética podem estar envolvidos. Sabia disso?
É importante lembrar que esses fatores podem variar de pessoa para pessoa. A compulsão alimentar é uma condição complexa e única para cada pessoa! Portanto, compreender os gatilhos pessoais e buscar apoio profissional são passos importantes para lidar com esse momento! Dessa forma, durante o tratamento, você e o profissional irão desenvolver, juntos, estratégias saudáveis de enfrentamento.
Quais são os sintomas da compulsão?
O transtorno de comer compulsivo é um diagnóstico clínico.
Nós, profissionais da saúde mental, utilizamos um importante livro que estabelece os transtornos mentais e quais são seus sintomas. Esse livro é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
A compulsão alimentar é um distúrbio alimentar específico listado no manual. A classificação e o diagnóstico são importantes para encontrarmos o melhor tratamento possível. Dessa forma, os sintomas do Transtorno de comer compulsivo são:
Momentos repetidos de comer compulsivamente
Nesses casos, a pessoa consome uma grande quantidade de comida em um curto período de tempo. É acompanhado por uma sensação de falta de controle e grande desconforto emocional.
- durante esses momentos, a pessoa pode comer sem a presença de fome física e até se sentir fisicamente desconfortável!
- esses episódios são geralmente seguidos por sentimentos intensos de culpa, vergonha e arrependimento.
- além disso, os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, pelo menos uma vez por semana, por um período de três meses ou mais.
- não há o que chamamos de “comportamentos compensatórios”. Ou seja, ações que “equilibram” a grande quantidade de comida. Como, por exemplo, vômitos autoinduzidos, uso excessivo de laxantes ou exercícios físicos compulsivos para evitar o ganho de peso. Essa compensação é muito comum nos quadros de bulimia nervosa.
Além dessa questão, precisamos diferenciar o que é um diagnóstico de um sintoma. A compulsão alimentar pode ser apenas um sintoma dentro de outros transtornos mentais! Ou seja, um comportamento alimentar disfuncional presente em outros transtornos alimentares. Como na anorexia nervosa e na bulimia nervosa. Elas seriam “o diagnóstico principal” e a compulsão alimentar seria um sintoma. Por isso é essencial ter uma avaliação individual. Então, é importante não se comparar com uma amiga. Cada situação é única.
Entenda como a compulsão alimentar afeta outras áreas da sua saúde
Ainda falando sobre os sintomas, a compulsão alimentar vai além dos episódios de comer em excesso. Isso porque um padrão de dietas restritivas, seguidas por compulsões, criam um ciclo vicioso de restrição e excesso. Esse comportamento pode levar a problemas físicos, como ganho de peso (estima-se que 30% dos casos de compulsão alimentar desenvolve obesidade), a um comportamento alimentar não saudável e ao aumento da baixa autoestima. A pessoa que vivencia essas questões passa por muito sofrimento e, muitas vezes, se sente prisioneira desses ciclos! E a sua vida é bastante impactada!
O que fazer para tratar a compulsão alimentar?
Mas temos uma excelente notícia: a compulsão alimentar tem tratamento!! 🥳 Ela precisa ser tratada de forma adequada por profissionais da saúde especialistas na área. Superar a compulsão alimentar é um desafio, mas é possível com apoio, cuidado e estratégias! Mas, um #ALERTA: existem muitos métodos errados na internet que, ao invés de ajudar, podem piorar os ciclos de compulsão. Então, cuidado com o que você consome!
A primeira etapa é reconhecer e aceitar que se tem um problema. E ter uma avaliação específica por psiquiatras ou psicólogos é fundamental. Isso porque eles vão poder ajudar com maestria a pessoa que sofre com esses sintomas.
Além disso, eles também podem avaliar se tem ligação com algum outro transtorno mental. Ou seja, buscar ajuda é muito importante! O tratamento deve sempre ser multiprofissional, ou seja, por psicólogos, nutricionistas e médicos, dependendo de cada caso.
Um tratamento comum para lidar com a compulsão alimentar é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Nessa terapia, o psicólogo, juntamente com seu paciente, trabalha para identificar e mudar aqueles pensamentos negativos e distorcidos relacionados à comida. A TCC também ajuda a desenvolver habilidades para lidar com o estresse e as emoções difíceis, ensinando formas mais saudáveis de enfrentar essas situações.
Além disso, é importante ter uma relação equilibrada com a comida. Isso porque ficar restringindo demais e fazendo dietas muito restritivas pode acabar dando uma sensação de privação. Isso pode levar a episódios de compulsão. É essencial aprender a perceber e respeitar os sinais de fome e saciedade, cuidando do corpo de forma saudável e consciente.
Mas, como controlar a compulsão, afinal? 🙂
Algumas ações práticas que pode ajudar você são:
- Invista em conhecer seu ciclo de compulsão alimentar. Ou seja, o que mais ativa você, quais os maiores desafios, seus gatilhos internos e externos;
- Organize sua alimentação de maneira equilibrada e consciente;
- Evite longos períodos sem se alimentar;
- Cria novas maneiras de lidar com suas emoções sem usar a comida. Atividades prazerosas, relaxantes e calmantes. Gerenciar seu estresse será fundamental;
- Busque apoio de amigos e familiares;
- Procure realizar terapia com um profissional que você goste e se identifique.
Espero que esse assunto tenha ficado mais claro para você. Se tiver se identificado, não deixe de buscar ajuda e apoio nesse momento! Conhecimento e informação adequados são sempre necessários e é válido sempre estarmos