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Abuso sexual infantil: sinais, consequências e como ajudar

Gabriele Prestes Halabura

17/05/2023

abuso sexual infantil: dicas e cuidados

O abuso sexual infantil pode ser um tabu, mas é vital saber os sinais e riscos para que possamos proteger nossas crianças e adolescentes. Veja nesse texto tudo que você precisa saber para poder, literalmente, salvar vidas.

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Gabriele Prestes Halabura

Gabriele Prestes Halabura

A Gabi é uma das redatoras do Quepaz Stories e também uma das psis da plataforma. Ela é psicóloga clínica e pós-graduanda em FAP, atuando com a Terapia Analítico Comportamental. Esta psi atende adolescentes e adultos! E, aqui, tudo acontece com transparência! Você pode pesquisar sobre a Gabriele Prestes Halabura através do seu CRP: 08/34936

⚠️ Importante! Esse é um conteúdo muito sensível sobre abuso sexual infantil, então, sugerimos que você leia com cautela. Tomando muito cuidado com seus sentimentos durante a leitura. 

Na minha prática clínica, eu trabalho muito com a infância e eu entendo quão desconfortável pode ser falar sobre isso. Mas o conhecimento é uma forma vital de cuidado. Só assim, nós iremos impedir que isso ocorra com outras vidas. 

O dia 18 de Maio é uma data importante quando falamos sobre segurança infantil. Esse é o dia em que foi instituído, por lei, O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Criança e Adolescente.

A proteção à infância é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e deveria ser uma prioridade de atenção e cuidado de toda a sociedade. Entretanto, casos de abuso infantil ocorrem em frequência assustadora e muitas vezes, muito próximo de nós.

Se você gostaria de se informar mais a respeito desse tema, sente-se disponível no seu emocional para a leitura agora e, assim como eu, acredita no poder de uma sociedade mais nutriz, empática e cuidadosa para com a etapa mais vital de nossas vidas, continua rolando para baixo ⬇️

O que se caracteriza como abuso sexual infantil?

Podemos caracterizar o abuso sexual infantil como o envolvimento de uma criança numa atividade sexual que seja incapaz de compreender por completo e para a qual a criança se manifeste prematura no desenvolvimento. 

Além do contato sexual direto, também são exemplos: abuso verbal (conversas sobre atividades sexuais), exibir ou coagir a criança a mostrar seus órgãos sexuais, exibição de material pornográfico para criança ou filmagem de conteúdos sexuais envolvendo crianças.

Por fim, é importante frisar que quando falamos de crianças, com menos de 14 anos, não há consentimento!

Infelizmente, a grande maioria das crianças conhece quem a violentou. Quando falamos em abuso sexual infantil, no geral, há uma dinâmica entre abusador e vítima. A criança, que vive em seu mundo inocente, confia naquela pessoa.

abuso sexual infantil: dicas e cuidados
Fonte: Ivan Knyazec

Sinais de violência e abuso sexual infantil

É difícil colocarmos os sinais que a criança pode demonstrar em uma caixinha. Afinal, isso pode mudar de criança para criança. É importante que a gente possa entender todo o seu mundo para, daí, concluir que aquela criança foi exposta a uma violência sexual. Mas, de qualquer forma, trouxe alguns pontos importantes para que você possa observar! Tá bem? 

1. Mudança abrupta do modo de agir

A mudança de comportamento, em um primeiro momento, “sem motivo”, pode se apresentar como uma forma que a criança encontrou para lidar com a apresentação precoce a estímulos com os quais ela não deveria estar sendo exposta, ela fica perdida, assustada e confusa. 

Por exemplo, uma criança comunicativa e expansiva, se mostre mais tímida e retraída. Isolamento, ansiedade e medo também são comportamentos que podem surgir em mais intensidade e os pais e cuidadores devem levá-los a sério.

** em muitos casos, as mudanças são sutis. Isso reforça, então, a importância da atenção social à criança e adolescente, de um olhar constante e atento dos cuidadores e fortalecimento de uma rede de apoio confiável e segura.

2. Regressão de comportamentos pode ser sinal de abuso infantil

Quando falamos de crianças, podemos pensar em fases de desenvolvimento e comportamentos que cada uma delas pode atingir.

Caso a criança volte a exibir alguns comportamentos que já haviam sido superados e que remetem a uma fase anterior, por exemplo:

  • medos que já haviam sido superados;
  • brinquedos esquecidos;
  • solicitar ajuda para atividades que já domina;
  •  choro desproporcional a situações que antes eram naturais;
  • por fim, tentar resgatar hábitos antigos pode ser um sinal importante de que um abuso está ocorrendo.

3. Negligência 

Muitas vezes, o abuso sexual não ocorre sozinho, podendo ser acompanhado de outros tipos de maus tratos que a criança sofre. Uma criança que passa muito tempo sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família, por exemplo, estará em situação de maior vulnerabilidade. 

4. Comportamentos sexualizados

A criança e o adolescente, quando expostos a uma atividade sexual, podem ficar muito confusos! Afinal, eles não estão prontos no físico e no emocional para essa etapa de suas vidas. 

Então, quando isso infelizmente ocorre, podemos observar alguns comportamentos que não condizem com sua idade, como mostrar as partes íntimas ou até estimular-se. 

IMPORTANTE: isso não quer dizer que a criança quis aquela interação! Significa que aquilo foi algo que a deixou muito confusa e que seu cérebro não está maduro o suficiente para entender o que ocorreu.

5. Proximidade excessiva 

Na imensa maioria dos casos de abuso infantil o abusador é alguém muito próximo da família e que tem a confiança de todos. A pessoa que você menos imagina, pode ser um abusador.

Eu sei que parece exagero ou excesso de cuidado, mas é aquele ditado, é melhor prevenir do que remediar.

Abusadores são excelentes em camuflar os seus abusos e manipular a criança de modo a muitas vezes gerar até uma afeição da criança por eles. Lembra que eu comentei lá em cima que na maioria das vezes o abusador é alguém que faz parte do círculo social da família? 

Se alguém próximo a você tem uma relação muito íntima, uma proximidade excessiva, faz pedidos desproporcionais, por exemplo: que a criança sente no colo ou passe tempo sozinho sem necessidade aparente, desconfie! 

É como eu disse, pode não ser nada, mas não custa nada verificar, né?

6. Machucados e roupas compridas 

Mudanças na forma de se vestir ou incompatibilidade da roupa com o contexto, podem ser sinal de que há uma violência ou abuso presente. 

Mais um lembrete importante!

Não há estudos que demonstrem a incidência das ditas “falsas memórias”, onde, em teoria, a criança fabricaria memórias sobre fatos ligados ao abuso.

Além disso, estatísticas mostram que na imensa maioria das vezes, os relatos das crianças são verdadeiros e quando não são, muitas vezes é por coerção de um adulto mal-intencionado.

Portanto, se a criança for forte e corajosa o suficiente para compartilhar a situação de um abuso com você, ACREDITE na criança e por mais difícil que seja lidar com isso, honre a confiança que ela depositou em você, denuncie! 

Quais as consequências do abuso na criança ou adolescente?

Ser vítima de um abuso sexual é uma experiência traumática para qualquer um, em qualquer idade. Imagina então ter que passar por isso quando você não faz a menor ideia do que isso significa.

Além das sensações de desamparo, medo, incompreensão e vulnerabilidade que essa experiência traz, o abuso sexual infantil traz marcas para o resto da vida da pessoa. 

No começo, a criança pode apresentar dificuldade para se concentrar, para ficar sozinho, em seguir a sua rotina de forma normal e se sentir insegura.

A médio e longo prazo, é provável que vão surgir questões ligadas a: 

  • auto imagem,
  • auto confiança,
  • crenças sobre si mesmo de uma forma muito negativa,
  • sensação de culpa ou de que ela fez algo errado.

Às vezes, a criança ou jovem pode até pensar que ela mereceu aquilo. Afinal, é isso que os abusadores e uma parcela da sociedade repete para ela várias vezes. E cabe a nós, profissionais e cuidadores, fazer com que ela entenda que a culpa não é dela.

E é claro, quando não há um acompanhamento terapêutico e além de tudo uma rede de apoio psicológico para essas crianças e adolescentes, eles se tornam muito mais suscetíveis a desenvolver uma série de transtornos mentais como: ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

Eles também podem somatizar essa experiência. Assim, demonstram todo esse sofrimento através de doenças que não são tipicamente psicológicas, como reações alérgicas e quedas de cabelo. 

Como denunciar uma criança desaparecida ou vítima de abuso?

Para denunciar um abuso infantil basta ligar para o número 100, o atendimento é cem por cento sigiloso e a ligação é gratuita. Após a denúncia, os órgãos responsáveis serão sinalizados em até 24h para averiguar a situação e tomar as devidas providências. 

18 de maio: por que a data é importante?

O motivo de você estar lendo esse texto essa semana e do dia 18 de maio ser reconhecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes está ligado a um triste crime que ocorreu em 1973.

Há quarenta anos atrás, a menina Araceli, de apenas 8 anos foi sequestrada e encontrada morta e desfigurada com sinais de violência sexual. Até hoje os responsáveis estão impunes devido ao arquivamento do caso devido as alegações de ausência de provas.

Essa data representa Araceli, mas também milhões de meninos e meninas. É uma data para refletir, lutar, conscientizar e se mobilizar em prol da quebra de tabus e engajamento social, PRECISAMOS proteger nossas crianças!

A importância da terapia em casos de abuso infantil

Infelizmente, eu não posso afirmar que o abuso sexual, mesmo quando tratado precocemente e interrompido, não vai deixar marcas. 

Mas, com a terapia é possível restaurar o amor próprio e a proteção contra revitimização. Ou seja, impedir que a pessoa que sofreu abuso na infância ou na adolescência volte a passar por isso.

Além das questões que eu escrevi acima, que podem perdurar até a fase adulta, a terapia vai ser um lugar de acolhimento e de discussão. É o lugar em que a criança vai conseguir compreender (na linguagem e no tempo dela) que a situação que ela passou não deveria ter ocorrido e que ela não teve culpa alguma sobre aquilo.

A terapia também é vital para ensinarmos as crianças a se protegerem, reconhecer sinais de alerta, comportamentos inadequados ou aproximações perigosas de adultos mal intencionados e assim, falarem com seus responsáveis sobre situações de risco.

É com o psicólogo que os pequenos vão aprender a nomear tudo o que estão sentindo e dar um lugar pra isso, para que floresça amor e respeito em meio a uma experiência de sofrimento.

Por fim, é na terapia que essas crianças podem aprender estratégias de enfrentamento que serão valiosas tanto nesse período, quanto na vida adulta. Além disso, vão também fortalecer redes de apoio que são valiosas para casos de abuso.

Se você chegou até aqui, queria agradecer pela tua disponibilidade e validar o teu interesse pelo tema, sua disposição pode, literalmente, salvar vidas!

Não discutir o abuso sexual só aumenta o tabu sobre o tema e impossibilita a emergência de políticas públicas, conscientização e medidas de proteção.

Quanto mais falarmos sobre, ensinarmos nossas crianças a identificarem sinais de risco e aumentarmos a monitoria parental, escolar e social, mais protegida estará a infância e mais empáticos estaremos enquanto sociedade.

Espero que tenha sido uma leitura útil, nos vemos em breve!

Um beijo, Gabi.

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