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Términos: um luto não reconhecido.

Marianne Branquinho, Karina Tagliari e Isadora Rittmann

18/04/2024

Muita gente acha que luto é só sobre morte, mas não é bem assim.Quando falamos sobre términos, também existe um luto que vai agir naquele momento.Vem entender mais sobre o assunto com a gente!

terminos

separação

despedida

Marianne Branquinho, Karina Tagliari e Isadora Rittmann

Marianne é uma psicóloga clínica especializada em luto, com especialização na modalidade Residência Multiprofissional em Saúde com ênfase em Alta Complexidade. Mari é formada em tanatonologia, especializanda em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto.

A Karina é uma das fundadoras da QUEPAZ, além de psicóloga clínica que atende demanda de jovens e adultos em seu consultório.

A Isa é a Head do Quepaz Stories, além de também ser uma psi clínica. Ela atende como foco famílias e casais.

Como trabalhamos com transparência aqui está o CRP da Karina (CRP: 07/36451) e da Isadora (CRP: 07/36475)

“Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.”

Martha Medeiros

Este texto é fruto de um podcast. Ouça o áudio na integra aqui! 👇

A gente sabe que dói e que é difícil falar sobre términos… Calma, a gente entende! Mas, nosso dever como psis é te mostrar que esse é o processo de cicatrização da ferida: falar sobre o desconforto. Através desse papo tão importante, damos a oportunidade de criar uma casquinha naquilo que nos machucou, como os términos. 

O luto é uma experiência que está presente desde o início das nossas vidas. Vivemos diversos lutos em diferentes momentos e fases. Essa palavra está mais presente dentro de nós do que temos consciência muitas vezes. Então, será que estamos falando o suficiente sobre isso?

Pensando nisso, nós convidamos a nossa querida colega Mari Branquinho para bater um papo sobre isso. Vamos embarcar nessa discussão juntos?

tristeza com términos

O que realmente é viver um luto?

“Então, o luto é esse rompimento do vínculo significado. E frente a isso, é natural que a gente tenha diversas respostas. Muitas vezes, a gente fala em luto e já pensa em tristeza, mas o luto atinge diversas áreas da nossa vida. Como, por exemplo: 

  • A nossa parte cognitiva:  concentração mais afetada, como a memória. 
  • A parte social: querer ficar mais isolado, ter dificuldade de relacionamentos. 
  • A parte espiritual: se questionar o porquê da existência, o porquê da vida, o que acontece depois da morte. 
  • A parte física: podemos ter alterações no sono, na alimentação. 

É algo que nos coloca na frente de diversos questionamentos e crenças nossas. Tem muitas coisas e é bastante complexo para resumir em apenas emoções de saudade ou tristeza, sem falar que falando de emoção a gente pode sentir raiva e alívio, então tem muita coisa envolvida.”

Existem mesmo fases do luto, mesmo em términos?

“Até hoje quando a gente pesquisa sobre o luto, uma das primeiras coisas que aparecem na internet é sobre as fases do luto. Esse conceito já teve um sentido lá atrás, ele foi criado pela Elizabeth Kübler-Ross, uma médica psiquiatra que fala sobre os estágios do morrer de pacientes em final de vida. Mas mesmo assim no livro dela, sobre a morte e o morrer, ela deixa bem claro que não é algo linear, que é algo que pode ter mudanças. Foi sendo distorcido e é muito falado sobre isso.

Acho que acabou fazendo muito sucesso porque as pessoas têm a necessidade de se encaixar, de ter uma previsibilidade ou roteiro. É tentar ter controle de uma situação que está totalmente fora do nosso controle. Eu acho que isso de você tentar encaixar, ler e se identificar  nossa é isso que eu to sentindo, estou nessa fase. Dá uma ideia de que você está subindo de nível, evoluindo e passando fases como se fosse um jogo. Vou chegar na última que é a aceitação e pronto, acabou, vira a página e superar o luto. E não é tão simples assim.”

Hoje vemos o modelo do processo dual.” 

“O olhar para essa perda mas, ao mesmo tempo, a gente vai estar olhando para a vida que continua. Os polos vão se intercalar. 

Em alguns momentos, queremos falar sobre a perda, lembrar chorar, desabafar, quer se revoltar e se questionar. Mas também tem aqueles momentos que seguimos a vida e pensamentos que – ok tem outras pessoas que dependem de mim, tenho meus afazeres, minha rotina, meus hobbies e o que eu vou fazer daqui para frente. 

Então oscilamos nisso e os sentimentos aparecem sem ordem, não tem só a raiva ou tristeza, você ter raiva e tristeza e felicidade e lembrar de algo bom que aconteceu e sorrir.”

Por que existem alguns lutos que parecem mais válidos para a sociedade do que outros?

“Eu acho que tem muito essa questão da gente não saber lidar com o sofrimento. Até de uma visão muito da positividade tóxica. É tudo bola pra frente e não tem tempo para sentir e chorar, o que acaba minimizando muito os problemas e sofrimentos. A maior dor é aquela que você sente e que você está passando e vivenciando. Você consegue ter esse parâmetro, quem está de fora não.”

“A dificuldade é que se você não tem essa validação, isso pode ser um complicador para o seu luto, pois você pode não ter com quem falar sobre isso. Porque você vai falar e você vai sentir que estão minimizando ou pensando que não deveria estar sofrendo por isso, voltando para você mesmo e não validando a sua própria dor.

Por que o término é um luto?

“Porque estamos falando da perda de um vínculo significativo e importante, que tinha um espaço grande na sua vida. Toda perda carrega as perdas secundárias, que é tudo o que está relacionado. Você não perde somente a pessoa, mas também o que ela significava para você. Pode ser segurança, proteção, companheirismo, parceria, cuidado, amor, afeto, carinho. Além disso, você perde também uma rotina, sonhos e planos que vocês compartilhavam.” by Mari branquinho

“Os conselhos às vezes podem não ser muito bons. Geralmente é sobre substituição de que a pessoa vai encontrar alguém para colocar no lugar, até para poder sentir menos. E nisso a gente entra do luto não reconhecido, pois não dá o espaço para dar os próximos passos. Para dar um passo é importante cuidar e sentir a dor e a falta antes de colocar algo no lugar

#dica.das.psis: encontre a sua permissão para sofrer quando for preciso, isso é permitido sim! ta bem?

tristeza com o término

O mito da superação de términos.

Quem nunca ouviu por aí de algum amigo ou família “ainda não superou?” ou ainda “para de pensar nisso, tem que esquecer!”. E nessa entrevista, não poderíamos deixar de pensar um pouco mais sobre que expectativas essas frases representam da sociedade. Como será que as pessoas esperam que você viva esse rompimento? Será que superar é isso mesmo: esquecer e não sentir nada? 

“Acaba tendo muito essa cobrança de que precisamos esquecer de vez e que não é assim que acontece. É um processo. É algo que você pode ter dias super bons e que estamos nos sentindo poderosos, que fiz a melhor escolha e tomei a melhor decisão e depois você vê que você ainda está sentindo, que aquilo ainda doi e te machuca. Você tem desafios para enfrentar ainda. Isso não quer dizer que é recaída e que você quer voltar, mas que são momentos de saudade e de tristeza que você precisa encarar isso.” by Mari Branquinho

Aceitarmos o nosso processo nos permite abrir portas importantes como aprender a fazer o balanço do que era bom e importante de pensar para uma próxima relação. Quando não pensamos nas nossas relações, abrimos espaço para repetir padrões que não foram bem elaborados.

Uma frase muito falada é a terminei porque não deu certo. Mas pera só um pouquinho aí! E se talvez pensássemos que de fato até um ponto deu certo e que foi bom e satisfatório?

Nós não precisamos anular o processo como um todo para finalmente “superar”.

Superar não quer dizer esquecer ou não sentir nada, muito pelo contrário. Superar é  aprender a se permitir a viver o processo do jeito que ele é, e nele está incluído as memórias e experiências: nos tornamos quem somos hoje pelo que crescemos dentro dessa relação também. 

“É como uma ferida que tá ali e demora para ser cicatrizada. Mas o esperado é que a gente consiga olhar como uma marca que não vai sair da gente, então nesse sentido é que a superação acaba ficando esquisita, pois ela dá a ideia de esquecer” by Mari Branquinho

#para.sempre.lembrar: “Você pode ter outros relacionamentos, mas aquele te marcou de alguma forma, pois você viveu experiências e isso vai ficar com você.” 

Que outros tipos de lutos existem ao longo da nossa vida além dos términos de relacionamentos amorosos?

Vamos passar por um tanto de lutos ao longo da vida! 

  • Mudanças como mudanças de cidade ou mudança de casa. Como a casa que você viveu desde criança e você acontece uma mudança, por exemplo. Isso também faz parte dos términos da vida!
  • Mudança de ciclos, como términos da escola ou da faculdade. Isso é muito significativo, afinal, você está na universidade com aquele status de universitário e de repente você passa para o desemprego. 
  • Quando pensamos na descoberta de doenças, infertilidade ou até na própria maternidade – na qual acontece a perda da identidade que você conhecia. “A antiga vida sem ser mãe”

Ou seja, tudo que exige uma reestruturação de nós mesmos. São mudanças e readaptações que vão ser necessárias. 

“O Parks fala que temos o mundo presumido. Desde quando a gente nasce a gente vai aprendendo coisas e descobrindo o que a gente gosta e o que não gosta, quais são as nossas crenças, o nosso jeito. Construímos o nosso próprio mundo interno. Quando a gente perde algo importante é como se quebrasse isso. Você fica meio confuso, tá mas tudo aquilo que eu tinha como certo e garantido eu não tenho mais. Como se tirasse seu chão, não sabe mais onde pisar e você tem que construir de novo.”

E isso é muito presente em términos de relacionamentos, a questão da identidade. 

#para.ser.compreensivo.consigo: Era um nós e de repente desfazemos esse nós para virar o eu. 

#super.atenção: dependendo do nível e envolvimento do relacionamento, ele pode ter maior grau de dependência ou até mesmo ser um relacionamento abusivo, e isso pode tornar mais difícil esse processo de términos. Ter paciência e gentileza com a gente nesse processo é importante. Nesses casos, estaremos diante do resgatar desse eu também, ou seja, resgatar o que eu quero, gosto, faço, posso.

tristeza com o término de uma amizade, ou de um namoro

O que esperar do processo de término?

“Precisa-se de muito apoio e suporte. É difícil viver isso sozinho. A necessidade de resgatar esses vínculos que estavam mais afastados para lidar”

Nós, a Karina & a Isa, percebemos a importância de tentar retomar aqueles laços que você tinha antes! Abrace o processo: Talvez seja difícil em alguns momentos, mas você já viveu uma vida sem aquela pessoa. Por muitas vezes, podemos esquecer o que vivemos sem aquela pessoa e as habilidades que tínhamos. Isso pode nos ajudar a superar os términos.

⚠️ 📱 Portanto, pegue o celular e chame quem é importante para você!!

Qual pode ser o momento de buscar ajuda profissional?

“Quando você estiver com dificuldade de olhar para a sua vida ou quando começa a paralisar e trazer prejuízos de funcionamento. 

Às vezes a solidão é muito grande também nesses casos, não ter essa rede de apoio e de não conseguir acessar ou buscar, pedir esse tipo de ajuda entre amigos e família. 

Talvez você possa se sentir mais à vontade para falar com um profissional. Então pensamos mais no momento em que a vida começa travar, trazendo prejuízos ou até perdendo perspectiva do sentido da vida.”

#Recadinho.surpresa: o que a Mari diria para alguém que ama muito e que está vivenciando um momento difícil de términos?

“Tenha paciência e não tenha pressa. É um processo. Se permita os dois momentos da montanha-russa, os altos e baixos. Você vai se sentir melhor, querer aproveitar, sair com as amigas, descobrir coisas novas, resgatar seus interesses e fazer aquela aula que você estava adiando. Mas você vai ter aqueles dias em que você não quer fazer nada, quer ficar em posição fetal na sua cama, não quer ver ninguém, quer comer coisas gostosas, chorar, ficar na fossa e colocar a música de sofrência. E que tudo bem. Poder mesclar esses momentos, não tem que ser um ou outro. Tudo bem ter esses dias ótimos e dias de bad. Respeite a si, isso é encarar o luto. É ter esse cuidado consigo”

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O centro de valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária. Para conversar acesse os links abaixo.

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