Como o empreendedorismo afetou profundamente a minha saúde mental
Pode causar surpresa, mas o título acima é verdadeiro. Afinal, ao longo dos últimos 7 anos, tenho vivido como empresária, cem por cento dedicada à minha profissão que tanto amo.
No entanto, essa jornada empreendedora minou bastante minha saúde mental. Antes de tirar conclusões precipitadas, permita-me compartilhar os detalhes desse fenômeno que ocorrIeu em minha vida.
O ano era 2018 e decidi ingressar no mundo empresarial ao vender doces durante os intervalos da minha graduação em nutrição. A ironia de vender produtos açucarados enquanto estudava qualidade nutricional não escapou de mim. A solução? Fazer doces mais saudáveis, livres de açúcar, glúten e lactose. 😋🍫🧁🍬
Meu ponto de partida ocorreu nos corredores da Faculdade Federal do Rio Grande do Sul, mas foi quando concebi o primeiro leite condensado vegano e sem açúcar do país que minha trajetória ganhou um rumo concreto.
Assim, nasceu minha primeira empresa: 🥥 Cocodensado.

🛏️ Um sonho, um pesadelo
Em paralelo à sua criação, recebi a pior notícia possível – o diagnóstico positivo de um linfoma não hodgkin na pessoa mais amada de minha vida, minha mãe.
Doze meses de tratamento se seguiram, com sessões de quimioterapia e inúmeras visitas hospitalares. Enquanto cuidava de minha mãe, também passava noites sem dormir, preparando os doces, estudando e os comercializando.
O desfecho dessa narrativa é previsível – o primeiro episódio de burnout 🤯, que de forma resumida significa Síndrome do Esgotamento Profissional. Este é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de um trabalho desgastante, que demanda muita competitividade ou responsabilidade, por exemplo.
A principal causa da doença é, claro, o excesso de trabalho 📈.

Junto disso, vieram:
- A primeira crise de pânico e o início de uma ansiedade que demoraria anos para eu aprender a gerenciar;
- As dores de cabeça constantes;
- o medo da finitude;
- os prantos compulsivos e
- a constante angústia.
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⏰ Aprendendo a gerenciar as crises (em mim mesma)
Tudo isso ainda ecoa em minha memória. Foi um momento muito desafiador, pensava muito em desistir. O cansaço era diário e não via meios para que aquela sensação acalmasse dentro de mim. Era como se o filtro da minha vida, dos sonhos e expectativas tivesse de repente ficado preto e branco, sem mais energia para colorir. 🪫
A decisão de buscar ajuda terapêutica foi uma das melhores escolhas que fiz, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Começamos aos poucos a falar sobre questões que jamais acharia que intervieram na minha forma de ver o meu trabalho. Lembro que em uma das sessões, inclusive, a minha terapeuta na época não conseguiu conter a emoção enquanto eu retratava uma das minhas crises de ansiedade da semana. |
Semanas foram se passando, alguns meses depois aquele processo me ajudou a ter forças 💪 e conseguir segurar de novo o pincel para dar cor à minha vida e aos tantos sonhos. Hoje em dia, bons anos depois, a terapia se mantém como um processo em curso, no qual discutim os limites, acolhimento e equilíbrio. Tem sido uma jornada surpreendente, descobri forças em mim que jamais pensei existir.
🥳 Final feliz no empreendedorismo e na saúde mental
Imagine um filme com um desfecho feliz: minha mãe concluiu o tratamento e se recuperou em 2020. Nesse mesmo ano, fundei minha segunda empresa – a atual melhor doceria saudável do estado. Em 2021, vendi minha primeira empresa e comecei a orientar outras mulheres em seus próprios empreendimentos, auxiliando-as a criar suas histórias no mundo empresarial.
Quanto à minha saúde mental, reconheço que ela está em constante processo de vigilância 👀 e desenvolvimento. Uma empreendedora não pode negligenciar seu bem-estar, tampouco se permitir o luxo ilusório de esquecer de si mesma. O aspecto emocional é integral ao processo, e apesar de todo o percurso ter contribuído para quem sou hoje, enfrentar esses desafios foi doloroso.
🎢 Altos e baixos
Essa jornada não é linear, e sua conclusão permanece aberta. A vida é repleta de altos e baixos, assim como os gráficos de crescimento do meu negócio. Aprender a lidar com esses altos e baixos de maneira saudável foi o cerne da construção da minha maturidade emocional.
Dirigindo-me às psicólogas e futuras psicólogas que lêem estas palavras, expresso meu profundo agradecimento. Sem sua profissão, minha trajetória equilibrando empreendedorismo e saúde mental e a de muitos outros teriam sido consideravelmente mais desafiadoras. Embora eu não as conheça individualmente, deixo aqui o meu sincero agradecimento. 🩷
Com gratidão, Paola Parmigiani