Ana

outubro 30, 2025

Conversas difíceis: o que a psicologia diz sobre comunicar necessidades

Quantas vezes você deixou de dizer o que precisava com receio de parecer “exagerada” ou “reclamona”? Algo que estava ali, entalado na garganta, apertando o peito, pedindo pra sair, mas que você engoliu por medo da reação do outro?

Você já percebeu que só fala do que sente quando está no limite? Que espera que o outro entenda seu silêncio e adivinhe o que você precisa? Talvez por não saber como colocar em palavras o que sente, ou por acreditar que seria melhor deixar pra lá. 

Por que conversas difíceis nos travam tanto?

A verdade é que expressar nossas necessidades é uma das tarefas mais desafiadoras da vida. Ela nos tira da zona de conforto e nos expõe ao medo que mais tentamos evitar: a reação do outro. Mas esse medo raramente surge do nada. Ele nasce de histórias antigas, de quando falar gerava conflito, afastamento ou culpa. Aprendemos que calar era mais seguro do que encarar conversas difíceis. 

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A raiz do medo de se expressar…

Muita gente não foi ensinada a reconhecer o que sente, e menos ainda a colocar isso em palavras.

As origens desse bloqueio são muitas. Quando chegamos na vida adulta e nos deparamos com conversas difíceis, o que costuma aparecer por trás é um medo real: de sermos rejeitados, ignorados, mal interpretados, julgados ou até machucados.

Esses medos afetam diretamente a nossa segurança emocional e fazem com que, muitas vezes, o silêncio pareça a melhor forma de se proteger.

Mas será que esse silêncio realmente nos protege? Ou será que ele também cobra um preço?

Quando evitar dizer o que você sente começa a te machucar?

  1. Acúmulo de frustração e raiva: Quando a necessidade existe mas não é comunicada, ela permanece “não atendida”. É como sentir sede e não pedir um copo d’água. A sede não passa só porque você ficou quieto. Ela continua, cresce, e pode virar irritação, tristeza ou até raiva.
  2. Distanciamento nos relacionamentos: Quando você não comunica suas necessidades, o outro nem sempre entende o que está acontecendo. Você espera que ele adivinhe. Ele espera que você esteja bem. Resultado? A conexão esfria. É como tentar dançar junto, mas com músicas diferentes no fone de ouvido.
  3. A ilusão do “não vou pedir para não incomodar”: Muita gente aprendeu que pedir algo é sinal de fraqueza ou carência. Então prefere se virar sozinho, “não incomodar”, “deixar pra lá”. Mas o que parece maturidade, pode envolver medo da rejeição, do abandono etc. E esse medo faz a gente viver relações de baixa qualidade, afinal: não estamos sendo entendidos emocionalmente. 
  4. Da necessidade à explosão: Quando você engole por muito tempo o que queria dizer, a necessidade acaba escapando… só que de outro jeito. Ao invés de um pedido claro, vem como crítica, ironia ou ataque. Tipo: “Você nunca faz nada direito” no lugar de “Eu tô exausta e precisava de ajuda.” A conversa, que podia ser ponte, vira muro.
  5. Perder a voz e o valor: Quem se cala demais começa a acreditar que o que sente não importa. Aos poucos, isso mina a autoestima e a confiança. Você começa a se perguntar: “Será que eu tô exagerando?”, “Será que tenho direito de me sentir assim?” e vai minando sua voz dentro das relações.

A gente sabe como isso desgasta. E é justamente por isso que estamos aqui: pra te ajudar a encontrar formas mais leves e cuidadosas de se comunicar, sem perder a firmeza e sem se afastar de quem importa.

A ciência já nos provou de inúmeras formas que quando evitamos dizer o que sentimos ou precisamos, estamos tentando proteger algo emocionalmente importante mesmo que isso aconteça de forma inconsciente. 

Falar sobre o que precisamos não é egoísmo, é uma forma de cuidado que requer habilidades e reflexões importantes. Não basta sentir: é preciso encontrar um jeito de traduzir isso em palavras acessíveis, para que a mensagem chegue à pessoa certa com o mínimo de ruído.

É nesse ponto que a Comunicação Não Violenta pode ser uma aliada real. Se você já leu sobre ela por aqui, talvez se lembre: não é sobre “falar com calma”, e sim sobre se comunicar com consciência. Agora, o foco é entender como aplicar esses princípios nas situações em que mais sentimos vontade de gritar ou sumir, aquelas conversas difíceis que pedem firmeza, mas também cuidado. 

Necessidades emocionais são os alicerces invisíveis de qualquer relação saudável. Elas não são caprichos, exageros ou “dramas”, mas expressões legítimas de cuidado, conexão e senso de valor pessoal. Todo ser humano precisa, em algum grau, se sentir visto, reconhecido e respeitado para que os vínculos sejam seguros e satisfatórios.

Antes de esperar que o outro entenda, vale se perguntar com honestidade:

  • O que eu estou sentindo?
  • O que eu gostaria que fosse diferente?
  • O que eu preciso?

Colocar nome nas emoções ajuda. Tristeza, frustração, exaustão, solidão… quanto mais claro isso fica, menos a gente corre o risco de se comunicar no modo ataque. Sentimento é a pista para iniciar a comunicação das nossas necessidades mais importantes!!

Escolher o momento, o tom e a intenção

Nem toda conversa precisa acontecer no impulso, tá? Tão importante quanto escolher as palavras é observar o momento. Você pode (e merece) dar um espaço de tempo pra organizar o que está sentindo antes que vire um possível confronto. Uma dica: não deixe que esse tempo seja muito longo… se você é perfeccionista, vai se identificar com essa dica.
Mas de forma geral: escolha um momento que envolva a disponibilidade emocional e contextual das duas partes envolvidas! Além disso, o tom muda tudo. Uma fala dita com calma pode carregar o mesmo conteúdo de uma fala explosiva, mas com um efeito completamente diferente.
Se pergunte: O que eu quero com esta conversa? Se a intenção for gerar aproximação, o caminho muda. Você passa a falar menos do erro do outro e mais do que tá precisando de verdade. 
Expressar sem acusar: exemplos práticos

A forma como você comunica o que sente pode aproximar ou afastar. Olha a diferença entre esses dois exemplos:

  • “Você nunca liga pra mim”

→ soa como acusação e cria defesa, né?

  • “Eu senti sua falta essa semana e queria ter tido mais tempo com você”

 → mostra vulnerabilidade e abre espaço para conexão (tão afetivo!)

Mais jeitos de entrar no seu bloquinho de conversas:

  • “Tô fazendo tudo sozinha nessa casa.”

 → É uma constatação, e não dá pra saber se a intenção é só um desabafo ou se existe algum pedido por trás.

  • “Eu tô me sentindo sobrecarregada e preciso de ajuda com dois pontos importantes. Quando você pode falar sobre isso comigo?”

 → Daria cinco estrelas!!!! Não força a barra, mostra o que está sentindo e ainda abre espaço para envolver a pessoa no tempo dela.

Que alívio ler essa troca de julgamento e desabafo sem intenção por frases mais verdadeiras e vulneráveis, né? A conversa tem outra cor! 

De fato, o sistema funciona quando reconhecemos a pessoa envolvida, engajada na mudança, com vontade de ouvir e atenta às necessidades. Se isso não for o seu caso, vamos tentar te ajudar aqui. 

Nem sempre a pessoa com quem você quer conversar está pronta para ouvir. E isso pode ser frustrante, principalmente quando você se preparou, falou com clareza e mesmo assim foi ignorada, cortada ou desacreditada.
Mas isso não significa que sua fala foi “errada” ou “sensível demais”, talvez só não tenha sido recebida por alguém disposto a construir com você.

É importante reconhecer quando há espaço real para diálogo e quando o silêncio do outro também comunica algo. Aí, vale se perguntar: 

  • Existe reciprocidade aqui?
  • Tem espaço para iniciar conversas que seriam fortalecedoras para a relação?

Talvez você não consiga mudar a reação do outro. Mas pode mudar a forma como escolhe se expressar.

E isso, por si só, já muda muita coisa.

💛 Salva esse conteúdo pra reler quando bater aquela dúvida: falo ou não falo? Porque comunicar com carinho é algo que a gente aprende e reaprende, todo dia.


Nos vemos no próximo conteúdo,
Ana Aguinsky & Maria Isabel | time quepaz.cc

Escrito por:

Ana Lucía Aguinsky

Fundadora

Onde cada conexão revela novas perspectivas e nos ajuda a enxergar além do que conseguimos ver sozinhos. Sempre fui atraída por conexões verdadeiras, afetivas — não apenas o que acontece entre as pessoas, mas como essas relações são construídas.

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