Muitos dos pacientes que me procuram chegam com quadros de ansiedade, depressão, dúvidas em relacionamentos, ou até com o desejo de simplesmente se conhecer melhor. Mas existe um ponto que aparece com frequência em todos esses contextos: a autocobrança. Essa exigência interna, que se manifesta em pensamentos rígidos, do tipo “tem que ser assim ou não serve”, é algo que me toca de forma especial. Talvez porque, por muito tempo, esse lugar também esteve muito presente na minha vida. E por já ter vivido esse funcionamento por dentro, consigo acolher essas pessoas com mais carinho, com mais compreensão — entendendo o quanto o perfeccionismo pode doer, mesmo que por fora ele pareça força. Gosto de trabalhar com esses perfis exigentes, críticos consigo mesmos, que sentem dificuldade em flexibilizar e se acolher. Casos assim me convidam a usar ferramentas que acredito muito: o olhar compassivo, a desconstrução da rigidez e a busca por formas mais leves de se relacionar com a própria história. Não se trata apenas de tratar sintomas — mas de construir juntos uma forma mais gentil de existir.